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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Quando deixei de acreditar que o amor era tudo, passei a amar a minha profissão. Daí por diante não houve um dia em que não defendesse a carreira que eu começara a criar e quem me proporcionou tudo isso. Gostava tanto que parei de falar, pois ninguém iria entender a medida certa de esforço e de sorte. O meu trabalho era a adrenalina dos meus dias, a lufada de ar fresco sempre que tudo parecia querer estagnar, o meu equilíbrio emocional para não me afundar em vazios. Contei três anos felizes assim. Agora conto os dias mas por outra razão. Não me consigo colocar mais no papel de quem decide. De compreender a sobrecarga, as horas extras, a pressão, a exigência, as novas funções acumulativas, sempre acumulativas. Dói. Porque quando a adrenalina passa parece que pouco tenho a que me agarrar. Choro. Porque há uma desilusão tremenda em sentir isto por quem eu dava e me dava tanto valor. Dá uma vontade enorme de virar costas, mas há uma lealdade que nunca me permitiria fazê-lo enquanto a realidade não estabilizar, não se tornar melhor. A vida dá mesmo muitas voltas, só não sei se esta foi no momento certo. Que prova é esta meu Deus? Que prova é esta?
C.

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